Um Coração Para Amar

O mês das festas juninas caracteriza-se pelo consumo dos frutos da terra na forma de comidas típicas, fogueiras, danças, e pela devoção popular em torno de Santo Antônio, São João e São Pedro, amigos de Deus pela fé, testemunho e oração.

Desde o século XVII, tem destaque na religiosidade dos cristãos católicos a devoção em torno do Coração de Jesus como fonte de todo o bem, do amor que vai até as últimas consequências, que inspira cuidado e atenção para com quem mais precisa, como um convite à solidariedade.

O instrumento desta mensagem para todo o mundo é Santa Margarida Maria Alacoque (+1690) que, em divinos colóquios de oração, entendeu a proposta de relações mais humanas, de mudança de conduta na sociedade de sua época marcada pelo jansenismo, através da figura humana, complacente e divina de Jesus, que a todos quer atrair.

A devoção ao Coração de Deus revelado no Cristo Bom Pastor se desenvolve nas primeiras sextas-feiras de cada mês. Neste ano sua festa incidirá no dia 12. A devoção sugere também a frequência aos Sacramentos da Confissão (Reconciliação e Penitência) e da Eucaristia para experimentar a ternura de um Deus que restabelece as forças, disposto a aliviar dores e angústias de ontem e de hoje (cf. Mt 28-30).

Na realidade contemporânea, a mensagem de uma devoção que pretende atingir também o coração das pessoas pela prática das virtudes pode servir de instrumento tanto para a convivência tolerante entre as gerações, como para a união e o entendimento nas famílias que correm o risco de perder sua identidade frente a tantas correntes ideológicas, e até mesmo pela migração em massa de pessoas desesperadas que buscam dignidade e paz em lugares como a Europa, o Haiti e a Síria, chegando a alguns lugares do Brasil. Por que não pensar mais com o coração a realidade sociopolítica de nosso país, a começar pelos que foram eleitos para as diversas funções? Como está o coração dos brasileiros diante da situação lamentável do sistema de saúde, da educação em uma “pátria educadora” que corta recursos antes prometidos em campanha eleitoral?

Se no Ocidente o coração simboliza a fonte dos sentimentos mais profundos, que o Coração manso e humilde de Jesus inspire atitudes que expressem que todo ser humano é imagem e semelhança de Deus. Muito além das diferenças existentes, não nos esqueçamos das razões do coração que aproximam distâncias, que geram gentilezas, que possibilitam o diálogo, que fazem superar o ódio e podem sempre gerar o amor que constrói mais pontes do que barreiras. A começar de cada um.

Pe. Paulo Emiliano – Paróquia Sant Ana – Sousas – Campinas/SP
e-mail : santanasousas@arquidiocesecampinas.com

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